quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Um pedaço de Nós

"Só o artista que se coloca à margem da sociedade, ou seja, que a observa ao invés de apenas fazer parte dela, é capaz de realizar trabalhos que refletem sua visão crítica sobre o mundo. É esse, em minha opinião, o tão questionado papel do artista. Nós não devemos retratar a vida como num noticiário, e sim, mostrar tudo aquilo que está por baixo da polida camada social sob a qual vivemos por trás do óbvio, além do racional.
Dos milhares de motivos que me fazem acreditar nesse projeto, um deles é o compromisso que assumimos com tudo que vai além da consciência humana e o desejo de buscar uma linguagem que fuja do lugar comum, pois, só assim, pode-se sensibilizar o espectador.
Estar num projeto como este, que envolve tantas pessoas jovens e talentosas, que resolveram abraçar uma idéia e torná-la possível, é angustiantemente gratificante. Sentir a cabeça borbulhar, ver em tudo possibilidades de referência, perceber em todos a mesma empolgação, resume o desejo de que tudo se concretize.
...é, eu estive pensando...e eu acho mesmo que “não tem mais jeito, a gente não tem mais cura”!"
Camila Oliveira - Atriz
"Não existem metáforas, exclamações ou sequer epifanias cujo sentido possa compreender todo o conteúdo do que pretendemos. No entanto, acredito que a brilhante escuridão do nosso projeto é que dá sentido ao seu significado; porque é um labirinto abstrato, fantasioso, mas sincronizado. Eu diria – e com muita certeza do que posso dizer – que o projeto é uma metonímia de nós mesmos.
É muito prazeiroso usar o teatro como forma de explorar os movi-sentimentos mais profundos e desconhecidos. É completamente envolvente o desejo de passar às pessoas, por meio da nossa arte, a força gravitacional que comanda a simbologia dos nossos sonhos. Compartilhar isso é uma entrega íntima, sensível, bonita.
Bem, estou tentando dizer da maneira que posso. Ainda não consigo dizer tudo e talvez isso tudo não diga nada. Precisamos achar uma linguagem. Específica. De trabalho. De vida. Sonho. E sei que ela está surgindo. E se concretizará no íntimo de nossas relações, sonhos... Sonho.
"Cada ser tem sonhos à sua maneira." Sonhemos juntos."
Juliana Rego - Atriz

"Eu não queria guardar restos de memória. Só porque elas fizeram chorar. Porque eu tenho o hábito de sofrer de paixões anteriores. Eu queria sair de todos os propósitos daquela noite, ficar sem os pés no eixo, só pra dizer a ela “eu não posso fazer um relicário! Não vê que estou de cabeça para baixo?! Ainda não decidi até quando!”. Mas eu fui sustentar o corpo já pesado e não suportei a dor – ardência no ombro. Era conveniente uma massagem, uma daquelas que chegasse até o pulmão e trocasse todos os velhos hábitos do respirar. Ela não disse, mas ressaltou com lentes claras significando “esse velho ar vai pro relicário. Não tenha medo, não!”. Sorri. Ela fez da sua leitura de cabeceira um conhecer a mais. Desde então, eu abri a respiração sem receio, acompanhei momentos – acender o cigarro, corte de cabelo, bicicleta, Fernando pessoa, Francesca Woodman, cachaça, psicologia, choop preto. Foi esse o primeiro carinho que senti por Amanda Gabriel. Eu não tenho mais medo do relicário."
Mariana Rego - Atriz

Amanda Gabriel - Assistente de Direção














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1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonha que se sonha junto é realidade.

24 de outubro de 2007 às 14:27  

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