domingo, 11 de novembro de 2007


" Eu poderia chamar este livro de Falsas Memória. Não por querer contar intelectualmente uma mentira, mas porque o ato de escrever prova que não há, no cérebro, um congelamento profundo que armzene, intactas, as memórias. Ao contrario, o cérebro parece manter uma reserva de sinais fragmentados que não possuem cor, som ou gosto, e que aguardam o poder da imaginação para dar-lhes vida. Em certo sentido, isso é uma bênção.

Quando escrevo, não sinto a compulsão de dizer toda verdade. É impossivel, não importa o quanto se tente, penetrar nas obscuras áreas das motivações ocultas de alguém. De fato há tabus, dificuldades e áreas de obscuridade por trás dessa história que não exploro, e, com convicção, não sinto que relações pessoais, indiscrições, indulgências, excessos, nomes de amigos intimos, raivas privadas, aventuras familiares ou dívidas de gratidão - que por si sós poderiam preencher um livro comercial - possam ter lugar aqui, assim como os esplendores já conhecidos e os tormentos das estréias. Não tenho qualquer respeito pela escola de biografias que acredita que, se todos os detalhes sociais, históricos e psicológicos forem reunidos, surgirá, então, um retrato verdadeiro de uma vida. Longe disso, coloco-me ao lado de Hamlet, quando ele pede por uma flauta e protesta contra a tentativa de se perscrutar o mistério de um ser humano, como se fosse possível conhecer todos os seus refúgios e obstáculos."
Peter Brook," Fios do Tempo ".

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial